O que é teste de continuidade e como fazer de forma segura?

Teste de continuidade
Tempo de leitura: 7 minutos

O teste de continuidade é um procedimento fundamental na elétrica para verificar se há um caminho fechado para a passagem de corrente elétrica em um circuito, fio ou componente.

Trata-se de uma etapa essencial na manutenção preventiva e corretiva de instalações elétricas, equipamentos eletrônicos, sistemas automotivos e até eletrodomésticos. Ao identificar se há ou não continuidade, o profissional consegue diagnosticar com precisão falhas como fios rompidos, conexões soltas, trilhas interrompidas ou componentes defeituosos.

Esse tipo de teste é realizado, em sua maioria, com o auxílio de um multímetro digital ou analógico, configurado na função de continuidade. Quando existe passagem de corrente entre os dois pontos testados, o aparelho emite um sinal sonoro (bip) e/ou exibe um valor próximo de zero ohms no visor, indicando que o circuito está fechado. Caso contrário, a ausência de sinal ou a exibição de uma resistência muito alta apontam para uma descontinuidade.

Entender como fazer o teste de continuidade corretamente é crucial para garantir diagnósticos precisos e evitar danos aos equipamentos ou riscos à segurança. O processo é simples, mas exige atenção, especialmente em circuitos energizados, que devem estar desligados durante o teste para evitar danos ao multímetro ou acidentes.

Neste artigo, você vai aprender o que é o teste de continuidade, como ele funciona, quais ferramentas são necessárias, quando aplicá-lo e como interpretar os resultados corretamente. Se você quer aumentar sua eficiência em instalações elétricas e evitar erros comuns, continue a leitura e acompanhe as nossas dicas!

O que é o teste de continuidade?

Como o nome indica, o teste de continuidade é uma técnica usada para verificar se há ou não continuidade nas ligações de condutores, sendo amplamente usado para checagem de circuitos elétroeletrônicos.

Ou seja, o teste de continuidade serve para verificar se existe continuidade entre os condutores elétricos em todo o seu percurso, se os condutores elétricos estão corretamente conectados e também para identificar cabos elétricos em circuitos, interruptores, contato de contatores, etc.

Quando e como fazer o teste de continuidade com o multímetro?

Quando fazer teste de continuidade

Você deve fazer o teste de continuidade na hora de uma instalação elétrica ou durante reparos em componentes elétricos de uma tomada, quadro de distribuição, carro, eletrodoméstico ou eletrônico. Para isso, você vai precisar de um multímetro.

É importante frisar que a continuidade refere-se a quanta resistência há em uma corrente elétrica fechada, e é essencial que esse elemento seja conferido no multímetro, uma vez que uma continuidade inadequada pode provocar incêndios, danos nos aparelhos elétricos, entre outros acidentes.

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Agora, vamos explicar como realizar o teste de continuidade em 3 principais etapas:

1. Configure o multímetro

Conecte os terminais preto e vermelho nas entradas correspondentes:

A primeira etapa é configurar corretamente o multímetro. Com a ferramenta em mãos, você vai reparar que há múltiplas entradas para terminais na frente do aparelho. Insira o fio preto na entrada “COM” e o fio vermelho na entrada “mAVΩ” ou “AVΩ”.A primeira sigla (COM) quer dizer “comum” e representa o fio-terra. Já a segunda sigla significa a medição de amperagem, voltagem e ohms, e é usada para medir a corrente.

Neste momento, desconsidere a entrada denominada “10A”, pois ela é usada para análise de correntes muito elevadas.Feito isso, ligue o multímetro.

Dica de conteúdo: Ampere, kVA, Volts e Watts: quais as diferenças e como funcionam

Vire o botão no multímetro para a configuração de continuidade:

O símbolo de continuidade varia de acordo com a marca e modelo do multímetro. No entanto, na maioria dos casos, esse modo terá o símbolo de um diodo, ou seja, um triângulo com uma linha no lado direito. Se você não achar esse desenho, uma outra possibilidade é que ele seja representado com a ilustração de ondas sonoras.

Vale reforçar que mesmo se o multímetro não tiver uma configuração de continuidade dedicada, ainda é possível executar o teste. Para isso, gire o botão para o menor número no modo de resistência que é medida em ohms, representada pelo símbolo Ω.Em caso de dúvida, consulte o manual de seu multímetro para descobrir como configurá-lo em modo de continuidade.

Toque as partes metálicas dos terminais para assegurar o funcionamento:

Para finalizar a configuração do multímetro, você deve testar a calibração da configuração de continuidade. Então, toque os dois terminais entre si e deixe-os assim.Caso o número exibido seja inferior a 1, o dispositivo está funcionando corretamente. Se for um 0 constante, está tudo certo também.A maioria dos multímetros emite um bipe quando o sinal está bom, indicando assim que a configuração de continuidade está adequada.

Se você não ouvir o bipe ou se deparar com um valor alto, cheque o botão para confirmar se o dispositivo está na configuração certa. Além disso, também vale a pena verificar as portas em que os terminais estão conectados ou trocá-los. Se isso não resolver, consulte o manual do aparelho para verificar como redefinir o multímetro.

Informação importante: se a tela exibir o número 1 no lado esquerdo e não onde normalmente são apontadas as leituras, existe a possibilidade do sinal estar defeituoso e/ou os terminais estarem com problemas.

2. Teste um sinal elétrico

Desligue e desconecte o dispositivo que será testado:

Após configurar o multímetro, chegou o momento de realizar os testes.Nesta primeira etapa, lembre-se de desligar e desconectar o dispositivo que será testado. É extremamente perigoso (e ineficiente) testar a continuidade quando há um sinal ativo fluindo pela tomada, fio ou pela fonte de energia.

Como a continuidade é testada enviando uma baixa corrente pelos dois terminais e lendo a sua resistência a seguir, caso tenha outra corrente por cima do sinal sendo enviado, o multímetro não consegue identificar a resistência correta.

Então, se estiver testando uma tomada já instalada, por exemplo, vire a chave do disjuntor no quadro de distribuição do cômodo da tomada para desligar a sua corrente.

Saiba que certos dispositivos, como banheiras de hidromassagem, rádios e sons automotivos guardam uma carga mesmo após o desligamento. Sendo assim, espere ao menos uma hora depois de desconectá-los para realizar os testes.

Naturalmente, você não pode desconectar um fio ou uma chave, portanto, não se preocupe em desligá-los se eles já não estiverem instalados em algo. Deste modo, tire qualquer fusível removível e teste para saber se estão conectados a qualquer fio desligando antes o utensílio, o carro ou o dispositivo.

Posicione o terminal preto na primeira ponta do dispositivo, fusível ou fio:

Se estiver testando um fusível, coloque o terminal em qualquer ponto na zona de condução do fusível (que será metálica). Caso o teste seja no fio, posicione o terminal preto em qualquer uma das pontas do fio exposto. Lembre-se que a parte de metal na ponta do terminal precisa ficar em contato constante com a peça testada.

Por outro, se o teste for em uma tomada, desparafuse o espelho e a caixa de montagem. Puxe levemente e posicione o terminal preto no parafuso metálico.

Outra possibilidade é o teste de eletrodomésticos e das conexões dos fios para verificar se é seguro, para isso, pressione o terminal preto contra a estrutura metálica do dispositivo.

Coloque o terminal vermelho em uma parte separada do fusível, fio ou dispositivo:

Mantendo o terminal preto ainda na primeira ponta da corrente, pressione o terminal vermelho exposto na outra ponta de uma corrente linear, como uma segunda ponta do fio ou segundo fusível.Aqui, se estiver testando uma corrente aberta, coloque em qualquer local no espelho de uma tomada ou na estrutura de um equipamento.

Isso conecta os dois terminais usando o fio, a tomada e o fusível como condutor.Dessa forma, a corrente será automaticamente enviada para o outro terminal a fim de iniciar uma leitura.

Se estiver testando um fusível, ponha o terminal vermelho em qualquer parte de sua extensão, contudo, não deixe que os terminais se toquem entre si. Isso não é perigoso, mas interfere na sua leitura.

Por fim, caso esteja testando um eletrodoméstico e uma conexão de fios por questões de segurança, pressione o terminal vermelho no fio ou no fusível sendo testado.

Aguarde até que os números se estabilizem e cheque a leitura para aferir a resistência:

Os números na tela do multímetro variam para cima e para baixo no início da medição, pois está se adaptando à corrente. Espere de três a quatro segundos e mantenha os dois terminais tão imóveis quanto possível para obter uma leitura precisa.

3. Analise os resultados

Leitura de 0 Ω indica uma continuidade perfeita:

A última etapa consiste na análise dos resultados aferidos, que variam de acordo com a quantidade de ohms apontada. Quando o multímetro mostrar a leitura de 0 ohms quer dizer que existe uma continuidade perfeita no fio, fusível ou dispositivo. Boa parte dos multímetros emite um bipe constante ao confirmar uma conexão com continuidade boa ou perfeita.
Entretanto, cabe a ressalva: a continuidade não precisa ser igual a 0 para estar segura.

Leitura inferior a 1 Ω aponta uma boa continuidade ou terminais sujos:

Em quase todos os casos, quando o leitor indica 1 Ω significa que os terminais estão sujos. Nesse caso, desligue o multímetro e limpe os terminais preto e vermelho com uma folha de papel-toalha seca.Na sequência, teste novamente a corrente — se ainda estiver em um valor inferior a 1, a continuidade está boa, mas não perfeita. Vale reforçar que é perfeitamente seguro usar um fio, fusível ou dispositivo com leitura de continuidade inferior a 1.

Por outro lado, se o número sobe e desce de um número elevado para 0, isso indica que a bateria do multímetro está provavelmente no fim de sua vida útil.

Veja o manual do dispositivo se as leituras do multímetro estiverem entre 1 e 10 Ω:

Agora, se a leitura variar entre 1 e 10 Ω a confirmação de um problema ou não dependerá do dispositivo que está sendo analisado. Em situações assim, confira o manual do aparelho e procure informações referentes ao nível aceitável de residência. De qualquer forma, vale optar pela precaução e evitar o uso do dispositivo por enquanto.

Se a leitura for superior a 10 Ω é indicado a troca do fusível ou do fio:

Ao se deparar com uma leitura acima de 10 Ω, significa que está lidando com um problema de baixa continuidade. Em outras palavras, a resistência é mais elevada do que deveria e será necessário trocar o fio, o fusível, a tomada ou o dispositivo em questão. Além disso, evite o seu uso até que a conexão com falhas seja corrigida.

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Cuidados na hora de realizar o teste de continuidade

Cuidados ao realizar teste de continuidade

Para finalizar o artigo, separamos alguns cuidados especiais que devem ser seguidos durante o teste de continuidade:

  1. Já mencionamos isso anteriormente, mas vale reforçar: nunca teste continuidade em uma corrente ativa. Ou seja, você não pode testar uma tomada se o disjuntor estiver ligado e também não pode testar um eletrodoméstico enquanto estiver conectado mesmo se estiver desligado;
  2. Fique atento para que não tenha quaisquer porções desencapadas dos fios após a instalação;
  3. Lembre-se que ao operar um dispositivo com com a resistência alta, você corre o risco de se eletrocutar, começar um incêndio ou causar danos elétricos.
  4. Sempre teste a continuidade de um fio ao combinar um fio novo em um sistema elétrico.

Conclusão

Ao longo deste conteúdo, explicamos melhor o que é o teste de continuidade e por que ele é tão importante em reparos/instalações elétricas.

Como vimos, a partir desta medida é possível checar uma série de fatores relacionados ao funcionamento de componentes elétricos e o melhor de tudo: você só vai precisar do suporte do multímetro para esse serviço. Além claro, dos EPIs necessários para trabalhos com eletricidade.

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Autor

  • Victor Fruges

    Com uma trajetória profissional abrangente nas áreas financeira, logística e comercial, Victor Fruges consolidou sua expertise na gestão de portfólio de produtos, análise de rentabilidade e mix, lançamento de novos itens, merchandising e varejo. Seu trabalho envolve desde a gestão do ponto de venda até a elaboração de campanhas de incentivo, segmentação de clientes e análise de mercado para apoiar estrategicamente a equipe comercial.Na Schneider Electric, foi responsável pelo desenvolvimento e gestão das linhas de Wiring Devices (interruptores e tomadas) para o mercado brasileiro, conduzindo a concepção e expansão da oferta. Além disso, liderou análises de mercado, canais e concorrência, garantindo crescimento sustentável e maximização de resultados. Sua atuação incluiu também a definição de custos e margens, alinhando produtos às necessidades do mercado, bem como treinamentos e suporte estratégico à equipe de vendas.Victor é formado em Engenharia Elétrica pela FEI, possui pós-graduação em Administração de Empresas para Engenheiros e Arquitetos pela FAAP e um MBA em Gestão e Engenharia de Produtos e Serviços pela Escola Politécnica da USP.Atualmente, como Gerente de Produtos da seção de Elétrica na Obramax, ele aplica seu conhecimento técnico e visão estratégica para impulsionar o crescimento da categoria, aprimorar a experiência do cliente e fortalecer a competitividade da empresa no setor.