Uma parte muito importante ao planejar instalações elétricas é o dimensionamento de fios por conduíte. Com cálculos errados, a chance de sobrecarga, curto-circuitos e incêndios aumenta consideravelmente. Por isso, confira abaixo a maneira correta de calcular quantos e quais fios devem passar por um mesmo conduíte.
Dimensionando conduítes seguindo a norma
A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) é quem normatiza as instalações elétricas através da NBR 5410, que pode ser consultada na íntegra aqui. Tantas tabelas podem até assustar, mas resumimos o que trata de conduítes abaixo!
Conhecendo a seção mínima por circuito
Seção mínima é a bitola mínima que deve ser utilizada para diferentes circuitos, conforme a tabela 47 da NBR5410:
Tabela 47 | ||
Tipo de linha | Utilização do circuito | Seção minima do condutor mm material |
Instalações fixas em geral | Circuitos de iluminaçôo | 1,5 Cu 16 AI |
Circuitos de força | 2,5 Cu 16 AI |
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Circuitos de sinalização e circuitos de controle | 0,5 Cu |
Conforme a tabela, temos:
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-
Para circuitos de iluminação, utilizamos cabos com seção mínima de 1,5;
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-
Circuitos de força, como tomadas, necessitam de cabos com seção mínima de 2,5;
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Já para circuitos de sinalização, campainhas ou fechaduras, a seção mínima é de 0,5.
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No entanto, a tabela acima apresenta a seção mínima, não necessariamente a que deve ser utilizada em cada caso, especialmente em circuitos de força.
Primeiro passo: Instalação
Segundo a tabela 33 da norma, dependendo do tipo de instalação, como eletrodutos, eletrocalhas ou se o cabo está enterrado diretamente no solo, utilizaremos um método de referência diferente para seguir com a instalação.
Conforme a instalação, a capacidade de condução de corrente do cabo muda, por isso é essencial consultar a norma.
O método mais comum de instalações residenciais é o 7, com condutores isolados ou cabos unipolares em eletroduto circular embutido em alvenaria, ao qual corresponde o método de referência B1.
Segundo passo: quantidade de cabos por circuito
Para continuar com o cálculo, precisamos saber se teremos 2 ou 3 cabos carregados por circuito. Para isso, utilizamos a tabela 46 da NBR 5410:
Tabela 46 — Número de condutores carregados a ser considerado, em função do tipo de circuito | |
Esquema de condutores do circuito | Número de condutores carregados a ser adotado |
Monofásico a dois condutores | 2 |
Monofásico a três condutores | 2 |
Duas fases sem neutro | 2 |
Duas fases com neutro | 3 |
Trifásico sem neutro | 3 |
Trifásico com neutro | 3 ou 4* |
*Ver 6.2.5.6.1. |
Segundo a tabela, circuitos monofásicos, a dois ou três condutores, utilizam dois condutores carregados. Duas fases sem neutro, também 2 condutores carregados. Já se o circuito for de duas fases com neutro ou trifásico sem neutro, adota-se 3 condutores carregados.
Terceiro passo: tipo de instalação e temperatura máxima
Para instalações residenciais, podemos considerar cabos de cobre, revestido de PVC, que são os mais utilizados. Eles devem suportar temperatura máxima de 70 °C e temperatura ambiente de 30°C. Para esta instalação, utilizaremos a tabela 36.
Tabela 36 Condutores: cobre e alumínio Temperatura no condutor: 70ºC Isolação: PVC Temperatura de referência do ambiente: 30ºC (ar), 20º C (solo) |
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Seções Nominais mm² | Métodos de Referencia Indicados na Tabela 16.3 | |||||||||||
A1 | A2 | B1 | B2 | C | D | |||||||
Número de Condutores Carregados | ||||||||||||
2 | 3 | 2 | 3 | 2 | 3 | 2 | 3 | 2 | 3 | 2 | 3 | |
Cobre | ||||||||||||
0,5 | 7 | 7 | 7 | 7 | 9 | 8 | 9 | 8 | 10 | 9 | 12 | 10 |
0,75 | 9 | 9 | 9 | 9 | 11 | 10 | 11 | 10 | 13 | 11 | 15 | 12 |
1 | 11 | 10 | 11 | 10 | 14 | 12 | 13 | 12 | 15 | 14 | 18 | 15 |
1,5 | 14,5 | 13,5 | 14 | 13 | 17,5 | 15,5 | 16,5 | 15 | 19,5 | 17,5 | 22 | 18 |
2,5 | 19,5 | 18 | 18,5 | 17,5 | 24 | 21 | 23 | 20 | 27 | 24 | 29 | 24 |
4 | 26 | 24 | 25 | 23 | 32 | 28 | 30 | 27 | 36 | 32 | 38 | 31 |
6 | 34 | 31 | 32 | 29 | 41 | 36 | 38 | 34 | 46 | 41 | 47 | 39 |
10 | 46 | 42 | 43 | 39 | 57 | 50 | 52 | 46 | 63 | 57 | 63 | 52 |
16 | 61 | 56 | 57 | 52 | 76 | 68 | 69 | 62 | 85 | 76 | 81 | 67 |
25 | 80 | 73 | 75 | 68 | 101 | 89 | 90 | 80 | 112 | 96 | 104 | 86 |
35 | 99 | 89 | 92 | 83 | 125 | 110 | 111 | 99 | 138 | 119 | 125 | 103 |
50 | 119 | 108 | 110 | 99 | 151 | 134 | 133 | 118 | 168 | 144 | 148 | 122 |
70 | 151 | 136 | 139 | 125 | 192 | 171 | 168 | 149 | 213 | 184 | 183 | 151 |
95 | 182 | 164 | 167 | 150 | 232 | 207 | 201 | 179 | 258 | 223 | 216 | 179 |
120 | 210 | 188 | 192 | 172 | 269 | 239 | 232 | 206 | 299 | 259 | 246 | 203 |
150 | 240 | 216 | 219 | 196 | 309 | 275 | 265 | 236 | 344 | 299 | 278 | 230 |
A temperatura é um fator muito importante, pois ela modifica a capacidade de condução de corrente do cabo.
Quarto passo: análise de fator de correção
Conforme a quantidade de circuitos passando no mesmo eletroduto, mais ele esquenta, o que modifica a temperatura e influencia na condutividade dos circuitos. Para fazer esse ajuste, utilizamos a tabela 42 da NBR 5410.
Ref. | Forma de agrupamento dos condutores | Número de circuitos ou de cabos multipolares | |||||||||||
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 a 11 | 12 a 15 | 16 a 19 | ≥20 | ||
1 | Em feixe: ao ar livre ou sobre superfície; embutidos; em conduto fechado |
1,00 | 0,80 | 0,70 | 0,65 | 0,60 | 0,57 | 0,54 | 0,52 | 0,50 | 0,45 | 0,41 | 0,38 |
Não consideraremos a queda de tensão por estarmos falando sobre circuitos domésticos, cujas variações por queda de tensão não costumam ultrapassar os limites toleráveis.
Quinto passo: qual a corrente passará pelos cabos?
Para calcular a corrente que passará pelo cabo, podemos utilizar a potência do aparelho e a tensão conhecidas.
Exemplo de dimensionamento de conduítes
Corrente de projeto (nominal): 20A
Isolação: PVC
Número de circuitos no eletroduto: 4
Instalação em eletroduto embutido: método B1
Com os dados acima, voltamos à tabela 36 e buscamos o valor mais próximo de 20 ampéres, arredondado para cima:
Com esses dados, encontramos 24 ampéres e o cabo de 2,5 mm², que a princípio, seria o cabo a ser utilizado. No entanto, atenção! Ainda falta analisar a tabela 42, com o fator de correção!
No exemplo, temos o fator de correção de 0,65, que deve ser multiplicado na capacidade de condução de corrente do cabo. Dessa forma:
24*0,65 = 15,6 ampere.
Isso significa que, nesta instalação, o cabo não conduz 24 ampere e sim, 15.6 ampere.
Como precisamos conduzir 20 ampere, precisamos aumentar o bitola do cabo.
Voltando na tabela, vemos que um cabo de 4mm² suporta 32 ampere. Multiplicado pelo fator de correção de 0,65, temos:
32*0,65 = 20,8 ampere.
Dessa forma, concluímos que neste circuito precisamos utilizar cabos de 4mm².
Dimensionar corretamente os cabos é essencial para não sobrecarregar os circuitos nem gastar mais energia do que o necessário nas instalações! Fique de olho aqui no blog para adquirir ainda mais informação e conhecimento!
Confira também como dimensionar eletrodutos.