A eflorescência é um fenômeno muito comum na construção civil. Caracterizada pelo aparecimento de manchas brancas em paredes e pisos, saber identificar a causa e aplicar o tratamento correto é essencial para preservar a estética e a integridade da obra.
Sabe aquelas manchas brancas que surgem misteriosamente em paredes recém-pintadas ou pisos de cimento? Elas têm nome, causa e solução: se chamam eflorescência.
Embora pareçam apenas um problema estético, essas marcas podem indicar falhas importantes na construção ou na impermeabilização de superfícies. Entender o que está por trás dessa reação é essencial para manter o visual impecável da obra, além de garantir a durabilidade e segurança ao longo do tempo.
Neste artigo, descubra por que as manchas ocorrem, como identificar corretamente e como resolver este problema com eficiência, seja em reformas, obras novas ou manutenções pontuais. Continue a leitura e confira!
O que é eflorescência?
A eflorescência é uma patologia da construção civil que se manifesta como manchas brancas ou acinzentadas na superfície de paredes, pisos, rejuntes e elementos de alvenaria.
Essas manchas são compostas por sais solúveis em água que migram do interior dos materiais de construção (como argamassas, concretos, tijolos ou blocos) para a superfície, onde cristalizam ao entrar em contato com o ar.
Esse processo ocorre, geralmente, em ambientes com excesso de umidade. A água presente nos materiais dissolve os sais e, ao evaporar, transporta essas partículas até a superfície.
O resultado é aquele aspecto esbranquiçado que compromete a estética da obra e, em alguns casos, sinaliza falhas na impermeabilização, drenagem ou uso de materiais inadequados.
Embora a eflorescência não seja estruturalmente perigosa, ela pode indicar condições que, se não tratadas, levam a danos mais sérios — como descolamento de revestimentos, fissuras e degradação precoce de componentes construtivos.
O que causa a eflorescência?
Para entender melhor, veja abaixo os 5 principais elementos causadores da patologia:
Alto teor de sais solúveis nos materiais utilizados
Materiais com grande quantidade de sais solúveis tendem a favorecer o surgimento de manchas. Para evitar esse tipo de problema, a recomendação é utilizar cimentos do tipo CPIII ou CPIV, que possuem baixo teor de hidróxido de cálcio na fórmula — o que reduz consideravelmente a chance de manchas aparecerem.
Confira: Melhores marcas de cimento e tipos indicados por aplicação
Ambiente quente e úmido
A umidade em um ambiente faz com que os vapores de água infiltrem na superfície, solubilizando os sais internos e evaporando junto com eles. Além disso, é importante frisar que a temperatura atua como um catalisador ao fornecer energia em forma de calor, fazendo com que as reações ocorram de forma mais rápida.
Excesso de água na preparação do concreto ou alvenaria
Uma maior quantidade de água em contato com o substrato favorece o transporte dos sais à superfície, formando a eflorescência.
Fissuras no concreto, rejunte e revestimento
Fissuras, principalmente no rejunte, podem deixar pequenos espaços abertos no revestimento, facilitando a passagem da água. Esse processo permite que ela reaja, evapore e acabe gerando manchas esbranquiçadas. Por isso, é essencial selar qualquer fresta assim que for identificada.
Impurezas na areia
Quando a areia usada na preparação do concreto contém impurezas, a mistura pode perder densidade. Isso torna o material mais poroso, favorecendo a passagem e o acúmulo de sais dissolvidos na água.
Em geral, quanto mais fechado for o caminho até o revestimento, mais difícil será o surgimento desse fenômeno.
Qual a diferença entre lixiviação e eflorescência?
É normal surgir algumas dúvidas entre esses dois fenômenos. De maneira geral, a diferença consiste no fato da lixiviação ser uma parte do processo de surgimento da eflorescência, pois consiste no acúmulo de hidróxido de cálcio na superfície.
Explicando melhor: a lixiviação é o fenômeno de entrada de água no concreto, que dissolve o Ca(OH)2 e Mg(OH)2 presentes no cimento e os traz para a superfície.
Uma vez que chegam à superfície, os hidróxidos de cálcio e magnésio reagem com o CO2 do ar, sofrendo então, a reação de carbonatação que os transformam nos sais. Após a evaporação da água, formam-se as manchas brancas comuns da eflorescência. Ou seja, a lixiviação torna possível o surgimento das eflorescências.
Além disso, é importante destacar que a lixiviação pode resultar em problemas mais sérios para as peças de concreto, como diminuição da resistência mecânica devido à perda de sólidos no concreto.
Isso também pode abrir caminhos para a entrada de substâncias nocivas às armaduras e ao próprio concreto, resultando em falhas de concretagem, trincas, gretagem, aberturas provocadas pela falta de hidratação no processo de cura, perda de massa, oxidação das ferragens e futuras perdas de propriedades mecânicas.
Em resumo, se evitamos a ocorrência da lixiviação nos concretos, por tabela, também prevenimos o aparecimento da eflorescência. Afinal, sem os hidróxidos na superfície, a reação de carbonatação não é possível e não se formam os sais, que são elementos determinantes para as manchas esbranquiçadas.
Onde a eflorescência costuma aparecer com mais frequência?
O problema tende a surgir em áreas onde há maior exposição à umidade, pouca ventilação ou falhas de impermeabilização. Alguns pontos críticos onde a situação é mais recorrente incluem:
- Paredes externas: principalmente em regiões sujeitas à chuva e sol direto. A umidade penetra pela superfície ou por fissuras e carrega os sais internos para fora.
- Muros e fachadas: por estarem em contato direto com o solo ou sofrerem com respingos de chuva, são locais clássicos para o aparecimento das manchas.
- Pisos de concreto ou cimentados: ambientes como garagens, quintais e varandas apresentam eflorescência quando o contrapiso não está adequadamente isolado da umidade do solo.
- Rejuntes de cerâmica e porcelanato: a umidade acumulada sob os revestimentos pode levar os sais à superfície, resultando em manchas nos rejuntes.
- Áreas internas mal ventiladas: por exemplo, porões, lavabos e lavanderias, ou seja, locais com pouca troca de ar e maior presença de vapor ou condensação.
Como tratar a eflorescência?
O diagnóstico em estruturas de concreto exige uma intervenção mais rápida e precisa. Por isso, reunimos uma lista de medidas importantes que devem ser adotadas para lidar com esse tipo de situação.
Investigue a causa
Assim como em outros tipos de manifestações patológicas, a primeira ação é identificar e controlar a fonte do problema, que pode ser alguma infiltração ou uma situação mais grave.
Corrija os pontos de umidade
Após identificar a origem, é necessário agir diretamente sobre ela. Isso pode envolver:
- Reparos em calhas, rufos ou telhados danificados;
- Vedação de fissuras ou juntas mal seladas;
- Substituição de impermeabilizantes comprometidos;
- Correção de contrapiso ou instalação de barreiras contra umidade em contato com o solo;
- Aumento da ventilação nos ambientes fechados, como porões ou lavanderias.
Sem essa etapa, as manchas tendem a reaparecer, mesmo após a limpeza.
Remova os sais da superfície
Com a umidade controlada, é hora de eliminar os resíduos de eflorescência. A limpeza deve ser feita com cuidado, utilizando produtos adequados que não prejudiquem os materiais de acabamento.
Aplique produtos hidrorrepelentes
Depois de limpa, a superfície pode receber um produto hidrorrepelente, também chamado de hidrofugante.
Esse tipo de selador forma uma barreira invisível contra a penetração da água, mas permite que a parede “respire”, ou seja, elimine a umidade interna sem acumular pressão. É uma medida eficiente para aumentar a durabilidade do acabamento e prevenir o reaparecimento das manchas.
Como tirar eflorescência?
Eliminar as manchas brancas causadas pela eflorescência exige o uso de técnicas e produtos corretos, sempre respeitando o tipo de material afetado e o grau de agressividade das manchas.
Confira o passo a passo recomendado:
1. Avalie o tipo e a extensão da mancha
Antes de qualquer intervenção, analise a intensidade do problema. Em casos mais leves, a limpeza pode ser simples e rápida.
2. Escolha o método de limpeza mais adequado
Aqui estão as principais formas de remover as manchas da superfície:
- Escovação com água: use uma escova de cerdas duras e água limpa para remover os cristais soltos. É o método mais indicado para tratar mancha recente e superficial, principalmente em tijolos e blocos aparentes.
- Vinagre branco diluído: uma solução com partes iguais de vinagre branco e água pode ajudar a dissolver os sais em pisos e rejuntes. Aplique com esponja ou escova, deixe agir por alguns minutos e enxágue abundantemente com água.
- Limpadores específicos: produtos comerciais à base de ácido fosfórico ou cítrico são formulados especialmente para remoção de eflorescência. Eles agem de forma mais profunda e são ideais para manchas resistentes em pisos cerâmicos, pedras naturais e concreto aparente. Siga rigorosamente as instruções do fabricante e utilize EPIs.
Importante: nunca utilize ácido muriático (clorídrico), pois ele pode danificar permanentemente a superfície, corroer juntas e provocar novas reações químicas.
3. Finalize com enxágue e secagem completa
Independentemente do método escolhido, sempre finalize a limpeza com enxágue generoso usando água limpa. Isso evita o acúmulo de resíduos químicos e previne novas reações na superfície. Deixe secar naturalmente ou, se necessário, utilize ventilação forçada para acelerar o processo.
Como prevenir a eflorescência?
Felizmente, seguindo alguns cuidados durante a reforma ou construção, é possível evitar a manifestação da patologia. Veja abaixo:
Utilize materiais adequados e de qualidade
A qualidade dos materiais é essencial para reduzir os riscos de patologias, e a escolha do tipo de cimento tem papel fundamental nesse processo.
Diante das diferentes opções disponíveis no mercado, é importante saber que o Cimento Pozolânico (CPIV) possui menor porosidade, sendo mais adequado para obras em contato constante com água corrente.
Já o Cimento de Alto Forno (CPIII) se destaca por conter uma baixa quantidade de hidróxido de cálcio em sua composição.
Invista em impermeabilização
Outra maneira de prevenir problemas relacionados à patologia é garantir que a impermeabilização do ambiente seja feita corretamente.
As mantas impermeabilizantes, que podem ser rígidas ou flexíveis, atuam bloqueando ou diminuindo o contato da umidade do solo com os revestimentos. Há também opções de impermeabilizantes que ajudam a reduzir a absorção de água pelas superfícies.
Leia também: Como realizar impermeabilização de telhados
Respeite o tempo de cura e secagem dos materiais
A cura do concreto é a técnica usada para hidratação do concreto, visando reduzir os efeitos da evaporação prematura da água na estrutura concretada. Em geral, o tempo de cura não apresenta uma regra, mas varia de acordo com diferentes fatores, como condições climáticas, ambientais e o tipo de obra em si.
A norma brasileira indica que a cura do concreto seja feita por pelo menos sete dias, estendendo-se a até 14 dias quando necessário. A temperatura ideal para o processo é acima de 10ºC.
Vale ressaltar que o prazo de 14 dias está relacionado mais à utilização de cimentos comuns, com endurecimento mais lento.
Realize manutenções periódicas
Manutenções preventivas são fundamentais para reduzir as chances de surgirem problemas em pisos e paredes.
Fissuras em rejuntes ou revestimentos, assim como danos nas juntas de movimentação, favorecem o aparecimento de patologias e outras falhas na estrutura.
Por isso, é essencial manter a manutenção em dia, evitando trincas e realizando substituições conforme as orientações dos fabricantes.
Como vimos, a eflorescência pode parecer um problema meramente estético à primeira vista, mas carrega consigo sinais importantes sobre a saúde da estrutura. Identificar as causas, agir com os métodos corretos de limpeza e, principalmente, prevenir o reaparecimento das manchas é essencial.
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